Constelação Familiar como meio de Resolução de Conflitos

Qual a importância da Constelação Familiar para a resolução de
conflitos?

Todos nós possuímos um histórico familiar e muitas vezes estamos tão emaranhados, ou seja, vinculados a essas histórias de entes queridos, na maioria das vezes inconscientemente, que não conseguimos entender o porquê temos determinados comportamentos ou o porquê nos colocamos em determinadas situações, o que nos causa muito sofrimento.

A base da Constelação Familiar, segundo Bert Hellinger, seu idealizador, se assenta sobre três pilares: “Em todos os nossos relacionamentos, as necessidades fundamentais atuam umas sobre as outras de maneira complexa:

  1. A necessidade de pertencer, isto é, de vinculação.
  2. A necessidade de preservar o equilíbrio entre o dar e o receber.
  3. A necessidade da segurança proporcionada pela convenção e previsibilidade sociais, isto é, a necessidade de ordem.”

Esses três itens acima representam as chamadas Ordens do Amor. O pertencimento significa que temos a necessidade de pertencer ao nosso grupo familiar, ou a outros grupos.

Bert Hellinger diz: “A primeira coisa que observei foi a existência de um vínculo profundo entre as crianças e sua família de origem.

A pior coisa que pode acontecer a uma criança é ser excluída da família.

Isso é fundamental para ela. A criança vive com a consciência: ‘A este grupo eu pertenço, a ele quero pertencer e compartilhar do destino desta família, seja ela qual for’.”

A segunda ordem é a do equilíbrio, ou seja, dou amor até o limite em que o outro esteja preparado para receber, inclusive devo restaurar o equilíbrio quando recebo algo negativo do outro.

Vejamos o que ele diz: “Se alguém me maltrata, tenho necessidade de me desforrar.

É uma necessidade de vingança.

Se ela for satisfeita, o equilíbrio é restaurado. Se alguém comete uma injustiça comigo e eu simplesmente perdoo, fico numa posição superior e o outro não pode fazer mais nada para restabelecer a igualdade entre nós, a não ser ficando mais zangado comigo(…). Por amor, dou um pouco a mais do que recebi e, quando injustiçado, dou um pouco a menos (…). O equilíbrio precisa ser restaurado tanto no bem quanto no mal.

O amor só floresce quando o equilíbrio pode ser restaurado, na medida em que dou ao outro um pouco mais do bem que recebo e um pouco menos do mal. Assim o amor pode ter uma chance também no equilíbrio do negativo”.

Por fim, o terceiro pilar é o da hierarquia, em que os mais novos devem respeitar os mais velhos.

Tenho observado que a terapia da Constelação Familiar é capaz de resgatar questões que permanecem no inconsciente de um determinado grupo familiar e que se propagam para gerações futuras sem que as pessoas saibam.

O aspecto fenomenológico que envolve esse sistema e que vem à tona no momento da vivência é sentido por todos, ou pela maioria, que se dispõem a participar como representantes.

Convido a todos que se interessarem pelo estudo da Constelação Familiar que participem da terapia, como ouvintes, observadores, ou como representantes, ou seja, não necessariamente como constelado num primeiro momento, pois ao entrar no campo morfogenético daquele sistema, que em poucas palavras significa a memória do inconsciente daquele grupo familiar, você acessa essa memória e sente profundas emoções, tais como sensações físicas de arrepios, adormecimentos, sonolência, suores, calor, frio, raiva, medo, alegria, angústia, tristeza, repulsa, enfim, sensações reais que te deixam perplexos e curiosos de saber o porquê.

É antes de tudo um processo de cura das dores da alma, tendo o amor como condutor. Por isso acredito nessa ferramenta como meio de solução de conflitos, em conjunto com outras como a mediação, a advocacia colaborativa e a comunicação não violenta, pois as pessoas precisam resolver, em primeiro lugar, seus dilemas emocionais para poderem dar continuidade a um processo de ruptura familiar e seguirem em frente.

1 Bert Hellinger – A Simetria Oculta do Amor. Pág. 25. Editora Cultrix. 6ª Edição 2006.
2 Bert Hellinger e Gabriele tem Hovel – Constelações Familiares, O Reconhecimento das Ordens do Amor, Conversas sobre Emaranhamentos e Soluções. Pág. 38. Editora Cultrix. 1ª Edição 2001.
3 Bert Hellinger e Gabriele tem Hovel – Constelações Familiares, O Reconhecimento das Ordens do Amor, Conversas sobre Emaranhamentos e Soluções. Pág. 38. Editora Cultrix. 1ª Edição 2001.